Na última semana do mês de setembro de 2024, foi aprovado por unanimidade na Câmara de Vereadores da Cidade Piumhi-MG o PL 48/2023, que cria a Área de Preservação Ambiental (APA) Serras e Águas de Piumhi, garantindo assim a proibição de atividades mineradoras na região do Vale do Araras e na Serra do Andaime, que estavam na mira da Empresa Minérios e Jazidas Minerais FME Ltda, contando com a “simpatia” do Poder Executivo e figuras do Poder Legislativo municipais, além de outros setores das classes dominantes locais. Alguns dias depois, o PL 48/2023 foi sancionado pelo Prefeito da Cidade, transformando o Projeto em Lei, e sacramentando a derrota das intenções da mineradora citada acima.

Essa luta, ao contrário da aparência, não partiu de aparentes “bons” sentimentos dos vereadores e do prefeito da cidade, mas sim de longo e vigoroso trabalho do Movimento Amigos do Araras e Belinha, que conseguiu mobilizar a maioria absoluta da População da cidade Piumhi pela defesa dos bens naturais do município e do principal manancial de abastecimento de água da cidade.

A mobilização da população de Piumhi através do Movimento Amigos do Araras e Belinha atravessou vários meses promovendo marchas, manifestações, abaixo assinado e audiências públicas envolvendo políticos, intelectuais e diversas personalidades da cidade. Em conversa com um correspondente do AND, um dos criadores do Movimento Amigos do Araras e Belinha, Igor Messias, relatou que no início o Movimento era pouco conhecido na cidade, e graças a uma audiência chamada pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto São Francisco no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG – Campus Piumhi) a fim de discutir os potenciais impactos da mineração na cidade, foi possível angariar apoio da vereadora Shirley Elaine Gonçalves (União Brasil) que se comprometeu a criar um Projeto de Lei munido com as informações levantadas pelo Movimento Amigos do Araras e Belinha objetivando criar Área de Preservação Ambiental na região alvo da especulação das mineradoras.

No prosseguimento da luta, segundo Igor Messias, o Movimento Amigos do Araras e Belinha, fizeram um brilhante trabalho de pesquisa ambiental na região onde seria criada a APA, chegando até mesmo a descobrir novas espécies de plantas na flora da região, dando maior peso a necessidade de barrar a ação de mineradoras no local. Por outro lado, o lobby da mineradora FME não dava trégua, concedendo entrevistas nos jornais locais apresentando supostas “benfeitorias” que seriam trazidas para a cidade com a atividade mineradora, buscando deslegitimar as ações do movimento; enquanto isso, buscando enfraquecer o projeto de APA do Movimento Amigos do Araras e Belinha – de olho em também não ficar “queimado” com a população – o Prefeito da Cidade, Dr Paulo Cezar Vaz (PSD), apresentou a proposta de uma APA menor, chamada pela população de “Apinha do prefeito”, que custou aos cofres públicos do município R$ 200.000,00 para ser elaborada, mas sequer recebeu atenção da população ou dos vereadores. Enquanto isso, a população seguia engajada nas mobilizações chamadas pelo Movimento Amigos do Araras e Belinha, lotando as audiências na Câmara de Vereadores voltadas para a discussão do projeto da APA.

O Povo Piumhiense saiu vitorioso nessa luta, mas os integrantes do Movimento Amigos do Araras e Belinha sabem que a mobilização deve prosseguir para garantir a aplicação da Lei de criação da APA Serras e Águas de Piumhi, pois, sabe-se que cedo ou tarde as mineradoras e seus representantes escondidos no meio do povo podem ressurgir com nova ofensiva contra as riquezas naturais da cidade de Piumhi, devendo o povo estar alerta e organizado quando isso vier a acontecer.